LULA E A REALIDADE

Do Blog de Reinaldo Azevedo

LULA E A REALIDADE

quinta-feira, 20 de agosto de 2009 | 22:43

Lula em vermelho. Eu em azul

MARINA
“A minha relação com a Marina não muda absolutamente nada, eu continuo gostando dela, continuo achando um quadro extraordinário. Mas se ela quis fazer uma opção e não me procurou para conversar é porque ela estava com a opção feita. E eu acho que da mesma forma que ela veio para o PT, ela pode sair do PT.”
Já houve o geocentrismo. Depois veio o heliocentrismo. Estamos vivendo o lulocentrismo. Eu não partilho do queixo-caidismo por Marina Silva — uma dessas vocações regressistas de certa classe média de formação medianamente intelectual… —, mas Lula frauda a história também do PT, além de fraudar freqüentemente a do Brasil, a da estabilidade econômica etc. Lembrem-se de que, há dois dias, ele listou Getúlio, Juscelino, Jango, Sarney e Collor como políticos perseguidos pela… direita!!! Mas avancemos. É uma escandalosa mentira afirmar que Marina “veio para o PT”. Ela fundou o PT. Junto com Lula. Não era uma convertida. Participou da elaboração dos fundamentos. Era tão petista quanto o companheiro. O problema é que ele se considera o Luiz 14 do PT: ele é o partido.

FLÁVIO ARNS
“O Flávio Arns é um senador no primeiro mandato, é um companheiro que tem os seus valores, mas sempre foi muito encrencado com o PT. Bom, se quiser sair, também… Quem entra sai. Mas o PT continua forte e continua com muitas possibilidades.”
Aí, sim: Flávio Arns “veio” para o PT. E, como se nota, Lula o considera um cristão novo. O senador ainda não foi aprovado pelo Tribunal do Santo Ofício, entenderam? Dilma também é uma neoconvertida. Mas ela logo se mostrou muito adaptada aos usos e costumes do partido.

CORRUPÇÃO
“Eu sou otimista que [corrupção] vai acabar. Porque quando você combate a corrupção, você tem esse problema, ou seja, a corrupção, ela só aparece na imprensa se você estiver combatendo. Quando você coloca a Polícia Federal para fazer a investigação, quando você tem o Ministério Público com a liberdade que você tem no Brasil, quando você tem uma Controladoria-Geral da República que fiscaliza todo o dinheiro federal espalhado pelo país, as coisas começam a aparecer”.
É, trata-se de um raciocínio realmente espantoso, digno da melhor lógica lulista. A esculhambação a que se assiste seria fruto da eficiência do governo em combater a corrupção. Agora aprendemos: quanto mais eficiente é o governo, mais casos de corrupção. No dia em que a eficiência for plena, estaremos perdidos. Ademais, os casos que conhecemos foram denunciados, na maioria das vezes, pela imprensa. O governismo, no mais das vezes, desempenhou seus três papéis característicos: corrompeu, corrompeu-se e disse “Eu não sabia”.

PRÉ-JULGAMENTO
“Acho que não se pode cometer o erro de se fazer pré-julgamento das pessoas: uma pessoa é condenada por uma manchete. No dia seguinte, essa pessoa é absolvida, e ninguém fala mais no assunto. Então, é preciso que a gente tenha responsabilidade. Eu não quero para o meu inimigo o que eu não quero para mim. O que eu quero? Que as coisas sejam feitas da forma mais democrática possível.”
No caso mais escandaloso envolvendo o PT,  40 pessoas foram denunciadas; no momento, há 39. No caso do dossiê dos aloprados, há o crime — evidente!!! —, há a grana, mas a PF diz não ter chegado a lugar nenhum. Não haver punidos não quer dizer que não tenha havido crimes.
Lula, aliás, admitiu que o seu partido pagou Duda Mendonça com caixa dois, lembram-se? Qual é a acusação injusta de que seus aliados foram vítimas? Mas é possível fazer um elenco das vítimas do PT. O problema é que Lula descobriu o ônus da prova só depois que chegou ao governo.

TEORIA DA BRAVATA
“Muitas vezes, fazendo campanha, a gente achincalha os outros, a gente acusa os outros sem nenhuma prova, apenas porque a gente ouviu falar. Isso rebaixa o nível da política, enoja e muita gente, então, se afasta da política. Quanto mais as pessoas sérias se afastarem da política, mais os picaretas vão entrar na política.”
Bem, dizer o quê? Eu acho que Lula tem razão. De fato, muita gente séria foi achincalhada. E isso abriu caminho para os picaretas.