quinta-feira, 11 de junho de 2009

domingo, 7 de junho de 2009

A direita que a esquerda quer

A direita que a esquerda quer

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Olavo de Carvalho | 03 Junho 2009
Artigos - Conservadorismo

Mais que definir as regras do jogo, a esquerda cria até mesmo a identidade do adversário, colocando na "direita" quem assim lhe interesse catalogar no momento, passando por cima dos protestos subjetivos do catalogado e ignorando com frieza de femme fatale os afagos e juras de amor com que ele tenta cavar um lugarzinho no grêmio das pessoas decentes, isto é, esquerdistas.

Entre outros resultados interessantes que deixarei para comentar outro dia, o estudo dos cientistas políticos Timothy Power e César Zucco, publicado na Latin American Research Review sob o título "Estimating Ideology of Brazilian Legislative Parties, 1990-2005" (v. http://www.iuperj.br/site/czucco/czucco_files/paperlarr.pdf), mostra que, enquanto os parlamentares tidos por seus adversários como "de direita" evitam colocar-se sob esse rótulo, os de esquerda, centro-esquerda e centro se autodefinem até como mais esquerdistas do que a posição nominal dos seus partidos deixaria suspeitar.

Esse fato não era desconhecido antes da pesquisa, mas adquire com ela uma certa visibilidade cientifica que tornará mais difícil, doravante, menosprezar-lhe a importância.

As conclusões óbvias que ele impõe, e que os autores do estudo evitam declarar, já que elas transcendem os limites imediatos do que se propuseram investigar, são as seguintes:

1. A esquerda tem o domínio quase absoluto dos mecanismos culturais de estímulo e inibição vigentes nas altas esferas, demarcando a seu belprazer a fronteira entre a decência e a indecência, o orgulho e a vergonha, o mérito e a culpa. Os direitistas apressam-se em submeter-se a essa autoridade moral monopolística, não com passividade e indiferença, mas com uma verdadeira ânsia de ser aprovados por seus adversários.

2. Abdicando de todo critério moral próprio, a direita exclui-se, automaticamente, de qualquer possibilidade de combate na esfera cultural e psicológica, deixando o País à mercê da hegemonia gramsciana e limitando-se à disputa de cargos (o que implica ainda mais subserviência à facção dominante), ou então à discussão de miudezas econômico-administrativas sem nenhum alcance estratégico. O presidente da República disse uma verdade flagrante ao afirmar que os partidos de oposição não têm perspectiva de poder. Eu diria até que ele foi caridoso nesse julgamento: aos partidos de direita não falta só a perspectiva de poder, falta até mesmo a compreensão elementar do que seja o poder, que eles confundem com "cargos". Imaginar que, com cargos ou sem cargos, seja possível conquistar o poder abdicando da hegemonia, é coisa de uma ignorância tão patética que, mesmo entre os esquerdistas mais empedernidos, deve arrancar lágrimas de comiseração ante adversário tão despreparado e inerme.

3. Mais que definir as regras do jogo, a esquerda cria até mesmo a identidade do adversário, colocando na "direita" quem assim lhe interesse catalogar no momento, passando por cima dos protestos subjetivos do catalogado e ignorando com frieza de femme fatale os afagos e juras de amor com que ele tenta cavar um lugarzinho no grêmio das pessoas decentes, isto é, esquerdistas.

4. O rigor do critério de seleção para o ingresso no círculo dos bons é tão implacável, tão inflexível, que a honra suprema do esquerdismo é negada até a velhos, tarimbados e fiéis militantes de esquerda, tão logo eles cometam a imprudência de entrar num partido que a esquerda, conforme seus interesses do momento, tenha rotulado como de direita.

Pela milésima ou enésima vez, a realidade dos fatos confirma a obviedade proibida: não há política de direita sem uma moral de direita, sem uma filosofia de direita, sem uma cultura de direita, isto é, sem tudo aquilo de que a nossa direita foge esbaforida, como se foge da peste.

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Simonal - a bruxa da caça comunista

Simonal - a bruxa da caça comunista

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Ipojuca Pontes | 05 Junho 2009
Artigos - Cultura

A turma do "Pasquim", por sua vez, composta por esquerdistas que industrializavam a intolerância ideológica, sem prova alguma, passou a tratar o cantor como informante da repressão (numa das capas do tablóide, aparecia o "dedo-duro" de Simonal). O hemofílico Henfil, cartunista do jornal, na secção conhecida como "cemitério dos mortos-vivos", dava o artista como "enterrado", ao lado de Roberto Carlos, Elis Regina (então, de "direita"), Bibi Ferreira, Marília Pêra (então - e também na Era Collor - tida como de "direita"), Roberto Carlos, Pelé, Clarice Lispector, Gilberto Freyre, Rachel de Queiroz e Nelson Rodrigues - todos considerados "simpatizantes da ditadura militar".

"Atrevo-me a dizer que as ditaduras de esquerda são piores, pois contra as de direita pode-se lutar de peito aberto: quem o fizer contra as esquerdas acaba acusado de reacionário, vendido, traidor".
Jorge Amado, Prêmio Stalin da Paz

Porque tive de conviver durante algum tempo, por razões profissionais, com Carlos Imperial e sua "Turma da Pilantragem", conheci de perto Wilson Simonal, pupilo bem-sucedido e, à época, o maior e melhor "entertainer" do nosso showbizz. Por isso, e ainda por ter testemunhado boa parte do massacre infligido ao cantor pela esquerda etílica, fui ver o documentário "Simonal - Ninguém sabe o duro que dei", realizado por Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal (Brasil, 2008).

Embora o documentário faça abordagem incompleta de episódio dos mais degradantes da vida artística nacional, ainda não devidamente explicado ao cidadão comum, "Simonal" parece ser o mais convincente produto da chamada "era da retomada" no cinema - era cujos filmes, em sua generalidade, têm por objetivo falsear a realidade histórica e manipular o inconsciente coletivo segundo preceitos da mixórdia gramsciana, que vê a produção artística como instrumento de transformação política da sociedade, a formatar um novo "senso comum" para a consolidação do socialismo pela trilha da "revolução passiva". Haja lavagem cerebral!

Vamos por partes (como diria Jack, o Estripador, ao esquartejar mais uma de suas vítimas). O Simonal que conheci nos bastidores do showbizz, na transição dos anos 1960 para 1970, era um tipo refinado de pilantra, ostensivo no tripudiar a "plebe ignara", quase um deboche público na sua afetação de artista popular que se sabia ídolo. Com efeito, Simonal cortejava certo tipo de presunção imatura que beirava o pernóstico, resquício, quem sabe, de mal-disfarçada insegurança, provavelmente assimilada nos desvãos de uma infância pobre, preta e suburbana.

Mas, curiosamente, no palco, ao vivo - ou em preto-e-branco, na televisão -, ocorria fenômeno invulgar: o "entertainer", senhor de ouvido absoluto e dotes vocais infinitos, fazia do caráter deformado - bem ao modo de um Macunaíma - elemento de atração irrecorrível, seduzindo a audiência, que babava com o seu swing, a sua picardia e a divisão rítmica perfeita do fraseado musical, num prodígio de comunicação só comparável, no plano internacional, ao de um Dean Martin ou Sammy Davis Jr.

Ademais, convém ressaltar que a atmosfera do Brasil daquela época ajudava o cantor: à margem da quizília política, o país era de fato próspero e feliz, tal como o canto do próprio Simonal. Sua população, ainda não dominada pela violência generalizada e a corrupção desenfreada da Era Lula, lotava estádios, auditórios e casas de show para ver e aplaudir de perto o mais contagiante interprete da moderna música popular brasileira (MPB).

Em tais ocasiões, entoando canções descontraídas, sacolejadas por um balanço melódico carregado no recheio de "champignon com caviar" (dizia), o cantor negro levava a platéia ao delírio. Para lembrar aqui imagem cara ao psicólogo Carl Jung, o homem do Inconsciente Coletivo, Simonal ajudava a construir no país eufórico de então, a almejada junção entre o dionisíaco e o apolíneo - isto é, a erigir as bases de uma sociedade exemplar abaixo da linha do equador.

O auge da glória veio quando o artista lançou "País Tropical", composição de Jorge Ben (hoje, Benjor), um sucesso estrondoso, sambalanço que entoava com pitadas de ufanismo o privilégio de se nascer brasileiro, sem precisar abrir mão da própria - e radiante - brasilidade. Curiosamente, foi a partir deste êxito que Simonal começou a ser devorado, em especial pelos pares sem igual talento, os invejosos e, o pior, a ralé moral comprometida com "a causa revolucionária".

A primeira parte do documentário, que adota parcialmente a técnica do cinema investigativo, bem estruturada e melhor ainda desenvolvida, trata da ascensão e glória do cantor no meio musical, a partir de depoimentos esclarecedores de personalidades como Chico Anísio, Miele, Pelé, Tony Tornado, Castrinho, Nelson Motta, Simoninha e, entre outras tantas, a critica teatral Bárbara Heliodora, ex-patroa da mãe de Simonal.

Ao acompanhar a trajetória do cantor, de forma elíptica, mas consistente, o espectador toma conhecimento de instantes chaves de sua vida, tais como, por exemplo, o aprendizado nas fileiras do Exército, onde se fez cabo datilógrafo (imagens reproduzidas do filme "É Simonal", de Domingos de Oliveira, produção de César Tedim); sua integração à "turma da pilantragem"; as primeiras aparições em clubes de subúrbio; as gravações de discos bem-sucedidos; o grande êxito televisivo em programa pessoal ("Show em Si... monal", na Record), etc., tudo a culminar no dueto com a impecável Sarah Vaughan, numa interpretação primorosa de "Shadow of you smile" - razão pela qual ficamos sabendo porque Simonal era, de fato, um "entertainer" de nível internacional.

A segunda parte do filme - que adota tom ambíguo e despreza aspectos essenciais no enfoque do desencadear da caça a bruxa - diz respeito ao levantamento do massacre moral que levou Simonal ao ostracismo e à morte. Nela, cruzam-se manchetes e recortes de jornais sobre o seqüestro do contador da Simonal Produções, Raphael Viviani - o ponto reversivo do filme. Em torno do fato, seguem-se os depoimentos (evasivos, insensíveis) de Sérgio Cabral (pai), Ziraldo e Jaguar, os inquisidores do "Pasquim", tablóide da esquerda (festiva) cevada em distorções ideológicas, fofocas, sexo, álcool, samba e rock 'n' roll.

De fato, deu-se o seguinte: em 1971, o cantor descobriu um grande rombo nas contas da sua empresa e, na prerrogativa da justa causa, demitiu o contador que considerava responsável pelo desfalque. Este, por sua vez, negando o ilícito, entrou na justiça do trabalho, pedindo grossa indenização. Dias depois, dois policiais (um deles segurança de Simonal nas horas de folga) foram à casa de Viviani e o conduziram até uma agência do Dops. Aos sopapos, o contador confessou o desfalque.

Mas, no outro dia, a mulher do contador foi à polícia e denunciou o cantor por seqüestro e coação. Como o interrogatório ocorreu nas dependências do Dops, o caso ganhou as manchetes dos jornais e os "companheiros" militantes na imprensa, que odiavam Simonal por considerá-lo um "crioulo besta", defensor do "Brasil Grande", transformaram o que seria um caso policial num fato político.

A turma do "Pasquim", por sua vez, composta por esquerdistas que industrializavam a intolerância ideológica, sem prova alguma, passou a tratar o cantor como informante da repressão (numa das capas do tablóide, aparecia o "dedo-duro" de Simonal). O hemofílico Henfil, cartunista do jornal, na secção conhecida como "cemitério dos mortos-vivos", dava o artista como "enterrado", ao lado de Roberto Carlos, Elis Regina (então, de "direita"), Bibi Ferreira, Marília Pêra (então - e também na Era Collor - tida como de "direita"), Roberto Carlos, Pelé, Clarice Lispector, Gilberto Freyre, Rachel de Queiroz e Nelson Rodrigues - todos considerados "simpatizantes da ditadura militar".

No filme, os depoimentos da patota do "Pasquim" trescalam a cloaca moral. Ziraldo, o "Menino Maluquinho por Dinheiro", querendo minimizar a sacanagem cometida, justifica-se dizendo que Simonal "queria ser o Rei da Cocada Preta" e que "ninguém (à época) tinha isenção de ânimos" - claro, uma mentira deslavada. Já Sérgio Cabral, cara de vampiro bem remunerado, confessa sem pudor que o jornaleco tinha por princípio esculhambar as pessoas que eles achavam que estavam ao lado dos militares. E o alcoólatra Jaguar, ar mefistofélico, entre risadinhas de hiena, dá a entender que o contador, afinal, podia ter mesmo roubado o cantor.

Nenhum deles manifesta a menor comoção pelo fato de terem ajudado a levar o artista à ruína, embora mais tarde, num leito de hospital, à beira da morte por cirrose hepática, Simonal apresentasse documento da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (governo Collor) que o isentava de ter sido informante do Dops.

Lá para as tantas, no documentário, aparece o ex-todo-poderoso Boni, antigo executivo da TV Globo, que abre o jogo e revela: "Simonal nunca foi julgado e vaiado pelo público, mas pela própria classe dele e pelos veículos de comunicação". (E, naturalmente, por ele também, Boni, tendo em vista que, como diretor da poderosa emissora aliada da "ditabranda", tinha força suficiente para fazer escalar o cantor nos programas musicais da casa. Como Pilatos, lavou as mãos).

Simonal, conforme se sabe, nunca foi "dedo-duro" (ninguém nunca apareceu para comprovar a acusação), mas, coitado, não tinha status intelectual e político (ou moral, se me permitem) para enfrentar de peito aberto a canalha vermelha, naquela altura já amplamente infiltrada nas redações dos jornais e nos púlpitos das igrejas, nas cátedras das universidades e nos palcos teatrais e telas, nos salões da grã-finagem (vide Nelson Rodrigues) e nos desvãos da urbe e do campo, onde, com o dinheiro roubado aos bancos e os sangrentos manuais de guerrilha do "Che" e Fidel à mão, tramavam com afinco o hoje "Estado Forte" da apodrecida Era Lula, esta, sim, repleta de alcagüetes, traidores, ladrões, bandidos e mentirosos contumazes. (A favor de Simonal, resta o fato de que nem mesmo o general Golbery, o "Gênio da Raça" e mentor dos militares no poder, conseguiu divisar com quem estava lidando e, na sua visão caolha, no que viria dar a imatura "abertura ampla, gradual e irrestrita").

Pela falta de clareza política, o documentário, ainda em cartaz, não resiste a um exame crítico apurado. O tratamento ambíguo que perpassa todo o seu desenrolar não resulta no caminho mais indicado para se extrair a verdade dos fatos expostos, perpassados de interrogações - e por isso o filme perde em consistência ética e documental, visto que ao cabo da exibição, não se sabe com clareza a quem cabe a real responsabilidade pela ruína do cantor. Todos os depoentes saem pela tangente, atribuindo a culpa às "dificuldades da época", uma abstração que não se pode punir. Por conseqüência, o espectador interessado na compreensão do caso fica no ora-veja. Talvez por conveniência, impossibilidade ou qualquer motivo ignorado, o filme isenta-se de levantar um sumário de responsabilização do massacre e adota a postura próxima a de um especialista que, dissecado o cadáver, se abstém de concluir o laudo pericial. Para citar Galileu Galileu, uma vítima consciente, "Diante da verdade, quem se contenta com a meia verdade, colabora com a mentira".

Certo, a busca da verdade é coisa difícil, árida, trabalhosa e muitas vezes só se chega a ela quando se vence todos os temores. Queira-se ou não, a caça ao cantor Wilson Simonal, antes de ser uma questão de intolerância racial, foi um ato de terror político, nutrido, discutido e tramado no seio do entourage comunista, sedimentado na cartilha revolucionária que recomenda esmagar o que lhe aparecer como adverso, mesmo que o adverso seja, como no caso de Simonal, um inocente. E quem conhece a teoria e prática comunista, para além da pregação utópica, sabe bem da capacidade destrutiva do monstro.

De todo modo, do jeito que está, "Simonal - Ninguém sabe o duro que dei" é uma celebração ao melhor e mais livre interprete da nossa moderna música popular, que permite a platéia o (re)encontro de instantes preciosos marcados pela real alegria - coletiva e individual - de cantar e viver.

Antes tarde do que nunca.

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Traquinagens do caçula Minc

Enviado por Vitor Hugo Soares -

6.6.2009
| 13h55m

artigo
Traquinagens do caçula Minc

Da Guatemala, no começo da semana, o presidente Luis Inácio Lula da Silva passou de público um pito de “pai” incomodado com a algazarra aprontada em sua ausência pela “filharada” no Brasil. A turma abrigada no ministério fica mais indócil e malcriada à medida que 2010 se acerca e quem mais tem aporrinhado ultimamente é o caçula, Carlos Minc, do Meio Ambiente. O garoto ladino, porém, parece ter percebido o perigo da língua sem controle disparando “nomes feios” para todo lado e nos últimos quatro dias têm-se desdobrado em artes e manobras para obter o perdão paterno e dos “irmãos” de governo.

Talvez seja tarde, mas Minc faz movimentos para passar a imagem de que é daqueles que não desistem com facilidade. Nem mesmo diante das maiores armadilhas e apertos que o poder costuma aprontar. Assim, tratou de correr para o colo do “pai”, logo que este desembarcou de volta em Brasília.Na quinta-feira mesmo recebeu as palmadas e as reprimendas pessoalmente e tornou-as públicas sem pejo, em mensagem dirigida principalmente aos manos que, a exemplo dos ruralistas, querem lhe comer o fígado e manda-lo de volta para os braços dos verdes do Rio de Janeiro.

Mas o ministro do Meio Ambiente foi em seguida ao Congresso com a atiradeira em punho e fez novos disparos na cabeça dos ruralistas e seus aliados na oposição ao governo do pai. “Saí mais forte do que nunca”, proclamou Carlos Minc depois da conversa reservada com o presidente. Pelas aparências, tudo indica que sim. “Os ruralistas estão desesperados e querem me tirar, mas vou com o presidente Lula até o último dia de seu governo”, gritou para os repórteres que o esperavam á saída do Congresso.

Dia seguinte, nesta sexta-feira, 05 de junho, sorridentes “pai” e “filho” (mais o governador petista Jaques Wagner), desembarcaram juntos em Caravelas, na chamada Costa do Descobrimento, pedaço mais que paradisíaco do litoral da região sul da Bahia. Ali o governo Lula e o governo baiano comemoraram o Dia Mundial do Meio Ambiente, com a assinatura do decreto que cria a reserva de Cassarubá, projeto sustentável para famílias de pescadores e catadores de mariscos, menina dos olhos da administração federal e das ONGs ambientalistas desde o tempo da ministra Marina Silva. O projeto de proteção ambiental, no entanto, enfrenta criticas e reações severas de grandes empresários do turismo e da hotelaria, que têm projetos bem diferentes para a área de praias e recantos de tirar o fôlego à beira do Atlântico entre os municípios de Caravelas e Nova Viçosa.

Quando a semana começou a sorte não sorria assim para o ministro Carlos Minc.Não tanto - agora se sabe depois da conversa com Lula - pelo que ele aprontou no palanque do ato público realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), na sensível Esplanada dos Ministérios, em Brasília.Com boné de trabalhador rural e tudo, o ministro chamou parlamentares ruralistas (que os ambientalistas preferem denominar de “bancadas da motosserra”) de “vigaristas”. Gente que, segundo o ministro de Meio Ambiente, “encolheu o rabinho de capeta e agora finge defender a agricultura familiar”.

O ministro do Meio Ambiente, por vontade refletida ou involuntariamente, até tinha um bom gancho (no jargão corrente nas redações) para o ataque: a Semana do Meio Ambiente, com muito pouco ou nada a festejar no País, mesmo pelo mais abnegado militante da causa verde. Mas, mesmo os raros aliados que ainda lhe restam no ministério, estão convencidos de que Minc não poderia ter escolhido um pior espaço geográfico e oportunidade menos apropriada para levar para o meio da rua a algazarra interna entre ministros do governo Lula. Ainda mais na ausência do “pai”, então em viagem pela América Central.

“Tenho muitos filhos, e toda vez que o pai sai de casa a meninada faz algazarra mais que deveria fazer”, disse paternal e complacente o presidente da República, talvez seriamente incomodado com a briga entre “irmãos”, mas sem poder esconder de todo a satisfação íntima com a traquinagem do caçula em relação a adversários ferozes de seu governo. Destes, Minc só livra a cara da ruralista senadora Kátia Abreu (DEM), a quem se dispõe pedir desculpas pessoalmente, “pois além de bonita ela é inteligente”- joga o barro o traquino da “família Lula”.

De volta da costa do sol da Bahia, quando a Semana do Meio Ambiente tiver passado, tudo poderá ser diferente. Apesar das desculpas, no ambiente que Lula controla paternalmente , a portas fechadas, não falta quem da porta pra fora esteja faminto pelo fígado do ministro do Meio Ambiente. Cada vez mais, à medida que 2010 chega mais perto. Tempo eleitoral em que para alguns dos “manos” e adversários de Minc prevalece o ensinamento de Macunaíma: “Agora é cada um por si, e Deus contra”.

Mas esta é outra novela, a conferir nos próximos capítulos.

Vitor Hugo Soares é jornalista. E-mail:vitor_soares1@terra.com.br

Charge - Amarildo

Charge - Amarildo

Em defesa da Amazônia (O manifesto que Lula assinou)

Enviado por Ricardo Noblat -

6.6.2009
| 18h17m

Em defesa da Amazônia (O manifesto que Lula assinou)

Carta aberta dos artistas brasileiros sobre a devastação da Amazônia

Acabamos de comemorar o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três Estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações.

A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta.

Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua.

Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver”, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.

Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.

Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semi-abandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos naturais.

Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê:

"A Floresta Amazônica é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais"

Assim, deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal a interrupção imediata do desmatamento da floresta amazônica. Já!

É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história.

Somos um povo da floresta!

(Os atores Christiane Torloni e Victor Fasano entregaram nesta quinta-feira (4) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um manifesto organizado pelo movimento “Amazônia para Sempre” com um milhão de assinaturas em defesa da floresta. “O presidente não só assinou [o manifesto], como assinou ao lado [da assinatura] do Pelé”, disse a atriz. Leia mais em ‘Amazônia para Sempre’ entrega a Lula manifesto com 1 milhão de assinaturas )

Enviado por Ricardo Noblat -

7.6.2009
| 3h31m

deu na folha de s.paulo
Governo Lula: grupos concentram seus esforços no Executivo

Lobistas dizem que na gestão petista o Estado recuperou a influência perdida com as privatizações e a descentralização administrativa promovidas por FHC

Atraídos para o Congresso Nacional por conta da CPI da Petrobras, os grandes lobistas reduziram o espaço do Legislativo em suas agendas desde a chegada de Lula ao poder e passaram a focar cada vez mais seu trabalho no Poder Executivo.

O motivo, na definição de um lobista de grande empreiteira, é que no estilo de governar petista o Executivo é o todo-poderoso e o Parlamento está no chão, perdendo espaço também para o Tribunal de Contas da União.

Profissionais do lobby em Brasília relatam que, no governo Fernando Henrique Cardoso, o Congresso tinha mais poder, fruto de uma base aliada mais unida e da opção tucana por reduzir o tamanho e a influência do Estado. Na era FHC, por exemplo, a privatização fez desaparecer a disputa política pelas diretorias das 27 companhias telefônicas do Sistema Telebras. E a criação das agências reguladoras retirou poder dos ministérios.

A situação se inverte ao longo do mandato do presidente Lula, que adota um estilo centralizador, controlador e planejador dentro do governo. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é citado como exemplo desse modo de governar do período Lula.

Centralizado na Casa Civil da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata de Lula à sucessão, o PAC garante mais rapidez na liberação dos pagamentos. Lobistas de empreiteiras e governadores gravitam em torno do Planalto buscando a inclusão desta ou daquela obra.

Além disso, os lobistas fazem referências a grandes negócios incentivados pelo governo dentro de uma filosofia de que o Estado deve interferir nos negócios privados visando o crescimento econômico.

Nessa lista estão a fusão da Telemar com a Brasil Telecom, a compra da Varig pela Gol e a escolha do padrão digital japonês na televisão brasileira, que contou com lobby aberto das empresas brasileiras por esse sistema. Em todos os casos os negócios foram discutidos dentro do Planalto, alguns com mudanças de regras federais para serem concluídos e interferências nas agências reguladoras dos setores.

Essa é, na visão de lobistas, uma tendência que deve se espalhar pelo mundo desenvolvido pós-crise global. Perderam espaço os neoliberais dos EUA, que defendem o Estado mínimo, e ganharam força os defensores da intervenção estatal. Algo inimaginável no passado recente ocorreu: a estatização da montadora General Motors. Assinante do jornal leia mais em: Governo Lula: grupos concentram seus esforços no Executivo

Charge - Néo

Charge - Néo

VEJA 1 - Eis o PAC, que batizei de “pactóide” logo no primeiro dia

VEJA 1 - Eis o PAC, que batizei de “pactóide” logo no primeiro dia

sábado, 6 de junho de 2009 | 6:37

Escrevi algumas dezenas de vezes neste blog que ”o PAC não existe”, como vocês sabem muito bem. Meu argumento: o que temos são obras que, com efeito, devem ser executadas por governos. Este em curso, no caso, chamou para si os investimentos de estatais e os investimentos privados e meteu tudo debaixo da mesma rubrica: PAC. Reclamava que a imprensa não se dedicava a um exame detido do programa. VEJA dedicou-se a tal tarefa, conforme informa a Carta ao Leitor:

“A análise clara e independente do plano pode ser encontrada nesta edição de VEJA. Sob o comando do editor Fábio Portela, uma equipe de quatro repórteres percorreu, de carro, 8 500 quilômetros para visitar 48 municípios, em catorze estados. O trabalho em campo foi complementado por um mergulho nos números do orçamento federal relativos ao PAC. São informações restritas. A reportagem de VEJA teve acesso a elas graças à ajuda da ONG Contas Abertas, autorizada por congressistas a fazer pesquisas na base de dados do programa.”

A revista avalia que existe um PAC, mas nestas condições, devidamente condensadas na carta:

“Até o momento, o plano tem um alcance bem menor do que o alardeado pelo governo. De acordo com o levantamento feito por VEJA, somente 30% das obras de grande envergadura estão no ritmo previsto. A ser mantido o atual nível de investimentos, 70% delas estarão com o cronograma atrasado ao fim do mandato do presidente Lula. “

Sendo assim, cabe perguntar: se, com a existência de um “programa de aceleração”, apenas 30% das obras de grande porte estão no ritmo previsto, como seria sem a aceleração?

Vale a pena ler o detido trabalho coordenado por Portela. Você terá acesso a informações como estas:
- “a parcela do PAC efetivamente paga pelo governo é minúscula. O programa, lançado em 2007, contempla investimentos de 646 bilhões de reais, que deveriam ser realizados até o fim do ano que vem. Em dois anos e meio, o governo desembolsou, por meio do Orçamento da União, apenas 22,5 bilhões de reais, ou 3,5% do total.”;

- ” No capítulo de ferrovias, por exemplo, há projetos maravilhosos, como o do trem-bala que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro; o da Nova Transnordestina, que cortará a Região Nordeste; e até o de um “corredor ferroviário bioceânico”, que ligaria Santos, no litoral paulista, a Antofagasta, no Chile, cruzando a Cordilheira dos Andes. Mas a realidade é menos pujante: o trem-bala ainda não foi licitado, a Transnordestina não tem um metro de trilho colocado e o trem bioceâ-nico ainda tem a consistência de um sonho”

- “No eixo Social e Urbano, a joia é a transposição do Rio São Francisco, que levará água de forma perene ao sertão nordestino. Apesar de todo o barulho, a obra vem recebendo menos dinheiro do que deveria. Como apenas 12% dos recursos chegaram ao canteiro, a multiplicação das águas deve ficar para bem depois de 2010. A permanecer o ritmo atual, serão necessários quinze anos para finalizar o trabalho.”

Ah, então nada está acontecendo? Está, sim. A questão é saber se não estaria caso o PAC se chamasse PIC, PEC ou POC. Informa revista:
“o segmento que progride mais solidamente é o eixo de Energia. Não por coincidência, esse grupo de ações não tem um centavo investido diretamente pelo governo. O grosso do dinheiro vem da Petrobras, que desde 2007 já colocou na construção de plataformas de exploração de petróleo, refinarias e gasodutos algo em torno de 86 bilhões de reais. A estatal, que responde sozinha por 28,5% do programa, é a verdadeira mãe do PAC. É saudável que a maior empresa do país invista fortemente em infraestrutura, mas é preciso destacar que esses projetos seriam completados mesmo que o PAC não existisse.”

Não deixe de ler a reportagem, recheada de dados os mais objetivos e contas muito interessantes:
- os 1.434 quilômetros de trilhos entre Tocantins e São Paulo, previstos para 2011, no atual ritmo, serão entregues daqui a 18 anos;
- a construção e remodelação de 2.278 quilômetros de trilhos em Alagoas, Pernambuco, Ceará e Piauí, previstos para dezembro de 2010, na atual batida, ficarão prontos em 2033…
- dado o andamento, a drenagem e implantação do sistema de segurança do Porto de Itaguaí, no Rio, serão concluídos em 89 anos;
- a perfuração e construção do sistema de extração do Sistema Piloto de Tupi (pré-sal), com conclusão prevista para julho de 2011, pode levar, no atual ritmo, 998 anos.

Sem dúvida, Lula é um homem que pensa nas gerações futuras. E nos governos futuros também. Não custa lembrar que, achando que o PAC 2006-2011 já estava resolvido, ele chegou a falar em fazer um PAC 2011-2015. Procurem nos arquivos para ver. É o chamado Plano de Aceleração da Conversa Mole.
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Por Reinaldo Azevedo

Raposa Serra do Sol - Arrozeiros agora são perseguidos por multas do Ibama

Raposa Serra do Sol - Arrozeiros agora são perseguidos por multas do Ibama

domingo, 7 de junho de 2009 | 7:13

No Estadão:
Os produtores rurais que cultivavam arroz na Terra Indígena Raposa Serra do Sol estão sendo multados pelo Ibama mesmo após terem deixado a área. É o que diz o presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Nelson Itikawa.
“As perseguições não param. São multas de até R$ 8 milhões”, afirma ele. “Dizem que se referem ao passivo ambiental que deixamos, mas na verdade é perseguição. Nós tínhamos licença para trabalhar e produzir. Se havia alguma coisa errada, por que não avisaram enquanto estávamos lá? Por que esperaram nossa saída? Eles querem inviabilizar nosso trabalho, querem impedir a produção de alimentos no Estado.”
Os arrozeiros ocupavam uma faixa de terra de aproximadamente 100 mil hectares, na borda da terra indígena, que tem 1,7 milhão de hectares. Eles brigaram na Justiça, durante décadas, para continuar com seus campos de arroz, mas perderam no Supremo Tribunal Federal (STF).
Agora, segundo Itikawa, enfrentam dificuldades para encontrar novas áreas de plantio. “São tantas exigências, tantas dificuldades, que começo a pensar que a atividade produtiva em nosso Estado é atividade criminosa, que deve ser coibida a qualquer custo.”
O fato de a União ter, recentemente, repassado para o governo de Roraima o controle de quase 2 milhões de hectares de terras públicas, não trouxe nenhum alívio para os produtores rurais, segundo o líder.
“Dessa área, 80% é para reservas legais. Outros 5% ficam para preservação permanente. Sobram poucas terras para a produção agrícola e quase todas já estão ocupadas por fazendas”, diz. “A transferência é boa porque permite a regularização das terras, mas não incorpora novas áreas de plantio.”

NA FRONTEIRA
A área para onde será transferido o fazendeiro Adolfo Esbell, o último não-indígena a deixar a terra indígena, foi cedida pelo Instituto de Terras de Roraima (Iteraima) e fica em uma região conhecida como Vilena, no município de Bonfim - ao lado da linha fronteiriça entre o Brasil e a Guiana.
De acordo com o desembargador Jirair Megarian, aquela área faz parte das terras que a União repassou para o Estado. “O seu Esbell vai poder escolher a área que ele achar melhor por ali”, afirma o desembargador.
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Por Reinaldo Azevedo

Empresa entra na Esplanada com preços irrisórios e fatura R$ 40 mi

Empresa entra na Esplanada com preços irrisórios e fatura R$ 40 mi

domingo, 7 de junho de 2009 | 7:15

Por Leandro Colon, no Estadão:
O segredo de uma das mais poderosas empresas do ramo de eventos do governo federal começa a ser desvendado: preços irrisórios, misturados a valores de mercado para vencer licitação - prática considerada ilícita por órgãos de fiscalização - em um ministério e, assim, ter acesso a praticamente toda a Esplanada. Somam-se a isso diretores com bagagem e influência na administração pública. Criada em 2004, a Dialog Comunicação e Eventos Ltda faturou R$ 40 milhões em menos de dois anos.
A Dialog ganhou fama após receber R$ 1,2 milhão para preparar, em fevereiro, o polêmico encontro de prefeitos que promoveu a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sucedê-lo em 2010. Esse evento foi apenas uma pequena fatia do bolo. Desde agosto de 2007, a Dialog assumiu a organização de grandes promoções do governo federal, como os lançamentos de programas de crédito da agricultura familiar, do canal digital em São Paulo pela TV Brasil, a realização do seminário da Copa do Mundo de 2014, no Rio de Janeiro, e o aniversário de quatro anos do Ministério de Desenvolvimento Social. Algumas cerimônias contaram, inclusive, com a participação do presidente Lula.
Esse crescimento despertou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU), que estão investigando os contratos da empresa.

O começo
A porta de entrada para a Dialog foi uma concorrência vencida em agosto de 2007 no Ministério das Cidades para oferecer 239 itens relacionados à organização de eventos. O Estado teve acesso a esse contrato, prorrogado até agosto deste ano, por um valor de R$ 9 milhões anuais. Para vencer os adversários, a Dialog ofertou 105 itens com preços impraticáveis no mercado. A diária de oito horas do coordenador-geral foi oferecida a R$ 4,85, ou R$ 0,60 a hora. Mesmo valor para locutor, cerimonialista (responsável por toda a execução do evento), copeira, e outros serviços, como videoconferência, aluguel de veículos e auditório para três mil pessoas. A diária foi ainda menor para técnicos de luz e de computação: R$ 2,43.
Um detalhe, porém, chamou a atenção nas últimas semanas: no dia 26 de maio passado, a empresa apresentou valores de mercado, até mil vezes maiores, ao vencer uma licitação na Secretaria de Pesca semelhante à de 2007, no Ministério das Cidades. A reportagem obteve essa proposta da própria Dialog. A cotação de um coordenador-geral passou de R$ 4,85 para R$ 181,72, e o preço de um auditório atingiu R$ 3,7 mil, ante também R$ 4,85 no contrato de dois anos atrás. “A realidade do ramo de eventos mudou”, alega Gabrielle Bennet, sócia da empresa.

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Por Reinaldo Azevedo

CPI e pré-sal fazem da Petrobras pivô de lobbies no Congresso

CPI e pré-sal fazem da Petrobras pivô de lobbies no Congresso

domingo, 7 de junho de 2009 | 7:21

Por Valdo Cruz e Andréa Michael, na Folha:
Antes mesmo de começar, a CPI da Petrobras já agita a comunidade de lobistas da capital. Entre eles, a avaliação é que a comissão, se de fato funcionar, pode se transformar na maior guerra de lobby vivida pelo governo Lula dentro do Congresso Nacional.
A atenção dos lobistas não estará focada só no Senado, onde a estatal estará sob investigação. Eles atuarão também na Câmara, na guerra pela definição de regras de exploração das reservas de petróleo do pré-sal.
Na semana passada, esse cenário começou a se desenhar. Enquanto governo e oposição disputavam o comando da CPI, a Comissão de Minas e Energia da Câmara reunia empresários e especialistas para debater o novo modelo do setor.
Um lobista definiu a situação da seguinte forma: no Senado, a ordem será proteger a Petrobras e seus fornecedores. Na Câmara, aprovar um texto que atenda ao interesse dos principais atores -Petrobras e petroleiras internacionais.
Enquanto a CPI pode começar a funcionar nos próximos dias, o novo marco regulatório do setor de petróleo deve ser encaminhado ao presidente Lula até o dia 15 de junho. Seu envio ao Congresso está previsto para o início de agosto.

Estratégia
A estatal está montando uma estratégia de defesa em Brasília. Para isso, busca um escritório de lobby para fazer o acompanhamento dos trabalhos da CPI. E já conta com uma empresa de comunicação, a CDN, para medir a temperatura das notícias em tempo real.
A ordem é se antecipar a futuras denúncias. Uma grande empresa lembra que a Petrobras, como não segue a Lei de Licitações, costuma fazer aditivos que fogem ao padrão definido pelo TCU (Tribunal de Contas da União), prato cheio para animar uma CPI.
O funcionamento da comissão e a fase final de definição das regras do pré-sal vão alterar também a agenda do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Ele já decidiu que passará a despachar de Brasília pelo menos dois dias por semana.
Gabrielli terá a ajuda direta de José Eduardo Dutra, presidente da BR Distribuidora e cotado para assumir a presidência do PT, e do chefe do escritório da estatal em Brasília, Carlos Eduardo Figueiredo, no contato com políticos da CPI.
Do lado das grandes empresas, tradicionais financiadoras de campanhas, seus lobistas já começaram a fazer contatos com senadores na busca da blindagem de seus patrões.
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Por Reinaldo Azevedo

Petrobras tem 650 advogados, mas gasta R$ 180 milhões com escritórios de advocacia

Petrobras tem 650 advogados, mas gasta R$ 180 milhões com escritórios de advocacia

domingo, 7 de junho de 2009 | 7:23

Por Rubens Valente e Ana Flor, na Folha:
Entre 1998 e 2009, a Petrobras assinou contratos de pelo menos R$ 180 milhões sem licitação com serviços externos de advocacia -apesar de ter um time de 650 advogados.
Os números foram fornecidos, a pedido da Folha, pela assessoria de comunicação da Petrobras. Segundo a empresa, os gastos vêm caindo desde 2008.
As contratações de advogados incluem a realização de pareceres por ex-ministros de cortes superiores, como Edson Vidigal, ex-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que recebeu R$ 320 mil por dois pareceres, em 2007 e em 2008, sobre assuntos relacionados a servidores públicos.
“Muitas empresas, mesmo com setor jurídico próprio, em alguma situação específica, encomendam pareceres ou contratam escritórios. Meu escritório trabalha para outras empresas em São Paulo que têm departamento jurídico próprio. É normal, é legal, não é aético nem imoral”, disse Vidigal.

Magistrados
Na área de patrocínios, a empresa, que é alvo de CPI no Senado, injetou R$ 3,5 milhões em apoios a publicações e eventos para algumas das mais importantes entidades representativas de juízes, advogados e promotores de Justiça.
A maior parte dos recursos foi destinada a entidades relacionadas a juízes federais e trabalhistas, com R$ 2,13 milhões. Para entidades ligadas a promotores de Justiça, destinou R$ 830 mil.
Entre outros eventos, a Petrobras ajudou a financiar o 4º Encontro de Magistrados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, realizado em maio de 2006 num hotel da estância turística de Águas de São Pedro (SP), o 5º Congresso de Magistrados Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul, realizado em abril num hotel de Campos do Jordão (SP), o 16º e o 17º congressos nacionais do Ministério Público (promotores estaduais) e o 8º encontro dos magistrados da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
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Por Reinaldo Azevedo

Punir doação ilegal ou incentivar o caixa dois?

Punir doação ilegal ou incentivar o caixa dois?

domingo, 7 de junho de 2009 | 7:25

Leiam o que vai abaixo com muita atenção. Reflitam. Tentem formar um juízo a respeito antes de ler o comentário. Dou uma dica: vocês identificam alguma falha lógica nessa história? Volto depois:

Por Roberto Almeida, no Estadão:
Em meio a discussões sobre o financiamento público de campanha no Congresso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em conjunto com a Receita Federal, iniciou no mês passado uma cruzada contra doações acima do limite legal. Enviou relatório às Procuradorias Regionais Eleitorais de todo o País, que confirmaram irregularidades e já ajuizaram 3.984 representações contra empresas e pessoas físicas que contribuíram com candidatos e partidos nas eleições de 2006.
O argumento central dos processos tem como base os artigos 23 e 81 da Lei Eleitoral, segundo os quais empresas não podem doar para candidatos valor acima de 2% de seu faturamento no ano anterior. No caso de pessoas físicas, o valor não pode ultrapassar 10% dos rendimentos declarados no Imposto de Renda. O resultado das representações pode render milhões em multas, que serão encaminhadas aos fundos partidários e à própria Justiça Eleitoral.
Os critérios para aplicação das multas - que vão de cinco a dez vezes o valor da doação que excedeu o limite legal - variam de um Estado para outro. Em Mato Grosso do Sul, o procurador regional eleitoral Pedro Paulo Grubits acredita ter encontrado a fórmula ideal. “Quanto mais díspar for o valor da doação do valor apresentado à Receita, maior chance de caixa 2″, afirmou.
A multa mais polpuda do País está nas mãos da procuradoria paulista. Uma empresa teria doado pelo menos R$ 5 milhões acima do limite permitido por seu faturamento declarado. Se o Ministério Público solicitar punição máxima, a multa pode chegar a R$ 50 milhões.
As empresas têm ainda uma segunda sanção. Após julgamento, podem ser proibidas de participar de licitações ou celebrar contratos com o poder público por um período de 5 anos.

Advogados
Advogados eleitorais reagiram com indignação às representações ajuizadas pelas procuradorias em todo o País. Para eles, há equívoco na abertura de dados fiscais de todos os doadores de campanha de 2006.
“Jogar a rede e o que cair é peixe é um método absurdo”, avaliou o especialista em legislação eleitoral Ricardo Penteado. “É uma iniciativa que acaba criando uma cultura de que doar é sempre um problema.”
Penteado acredita que o resultado final do volume de representações é a “demonização” de doadores. “Isso me parece um grande absurdo. Em tempos em que o mundo está elogiando o envolvimento social nessas questões, acabam convidando a todos para se esconder nas sombras”, argumentou o advogado.
Segundo ele, que se disse contra o financiamento público de campanha, o ideal seria estabelecer um teto de doação igual para todos. “Nesse caso (de quebra de sigilo) o que acontece? O sujeito é exposto, de forma totalmente indiscriminada.”
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Comento
Toda essa coisa que está sendo chamada de “rigor” vai, na forma dada, acabar contribuindo para… o caixa dois! Se fazer uma doação de campanha corresponde a expor-se à quebra de sigilo fiscal e à abertura de uma investigação na empresa, com multa de até 10 vezes o valor doado, então correr o risco pra quê? Ademais, é preciso ver se procuradores eleitorais são realmente os mais habilitados para apurar dados que são de natureza fiscal.

“Ah, não quer que investigue”. Será? Aplicar multa de R$ 50 milhões numa empresa que doou R$ 5 milhões tem o objetivo de coibir doação acima do limite ou de quebrar a empresa? A resposta está dada na própria pergunta.

Não há nada que empurre mais uma sociedade para a ilegalidade do que o rigor destrambelhado. Os procuradores decidiram ser os Torquemadas do processo eleitoral. Na ânsia de disciplinar tudo o que está à sua volta, acabarão empurrando os doadores para a ilegalidade mesmo, para o caixa dois.

Ora, a evidência do que digo é dada pelos fatos: quem doou por fora e não deixou registro nenhum, à esta altura, está tranqüilo. É preciso ver se esse número absurdo de ações indica que o processo todo está mesmo eivado de ilegalidades ou se há um problema de, digamos, falta de ponderação de quem avalia.

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Por Reinaldo Azevedo

O discurso ecólógico na fase do surto

O discurso ecólógico na fase do surto

domingo, 7 de junho de 2009 | 7:27

Confesso que li e reli outras duas vezes a coluna de hoje de Janio de Freitas na Folha. Pensei cá comigo: tornei-me um leitor obtuso. Há aí certamente alguma ironia que está me escapando. Mas não. Como diria o Apedeuta, “estou convencido de que” não há ironia nenhuma, e o autor realmente considera plausível o que escreve. Reproduzo trecho. Comento depois:

Uma inovação explosiva está, a partir de agora, à espera de que Lula se decida a dar-lhe o jamegão presidencial definitivo ou, em um rompante de consciência acima da política, só o faça depois de vetar as partes mais monstruosas dessa mistura de medida provisória e alterações de congressistas. A sanção integral será como o primeiro grande passo legal para futuro confronto de iniciativa internacional, e talvez bélica, contra o Brasil.
A Amazônia é o ponto fraco do Brasil no trançado das geopolíticas dos países ocidentais, cada vez mais influenciadas pela noção, de sociedades e governos, de que é necessário à humanidade preservar no planeta o que o homem ainda não arruinou. O desmatamento da Amazônia, as emissões de suas queimadas e as consequências planetárias desse processo têm hoje presença inevitável nos meios de comunicação, debates e edições científicas sobre alterações climáticas, escassez da água e relação entre ambiente e doenças.
É essa Amazônia que a MP da Presidência aprovada com agravantes pela Câmara e, na quarta-feira, pelo Senado, pretende entregar à corrosão ainda maior que a já vista.
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Comento
Se o vinhozinho que tomei há pouco para aquecer a madrugada não obscureceu o meu juízo, Janio está dizendo que ou a gente cuida direito da Amazônia e faz o que mundo espera ou “eles” virão tomar a região a bala. É isso mesmo, né? E, se bem entendi, o articulista acha isso muito justo. Afinal, estaríamos dando evidências de que não sabemos tomar conta desse patrimônio da humanidade.

Isso tudo a propósito daquela MP que regulariza a posse de terras na Amazônia - reitero: regulariza o que já não é mais floresta intocada — como na imaginação desses “verdes” brasileiros que não saberiam distinguir uma árvore de verdade de uma ilustração. O terrorismo ecológico — “o mundo vai acabar; a Amazônia vai virar um deserto; morreremos todos esturricados” — cede agora, vejam só, à ameaça bélica!!! Se não por consciência ecológica, Lula teria de vetar partes da MP por covardia mesmo…

A coluna não deixa de ser útil porque dá conta do destrambelhamento a que chegou esse discurso, com a Santa Marina Silva jogando seu xale protetor sobre o espírito da floresta. É interessante que se faça essa gritaria sem que se diga o que deve ser feito com toda aquela gente. Deve virar comida de jacaré?

Já publiquei os números. Publico-os de novo. Assim está distribuído o território brasileiro. E é assim porque é, não porque eu queira:

- Unidades de Conservação e Terras indígenas - 2.294.343 km² - 27%
- Reserva legal - 2.685.542 km² - 32%
- Áreas de preservação permanente - 1.442.544 km² - 17%
- Total - 6.059.526 km²  - 71%

Se vocês fizerem a soma, verão que os territórios intocáveis são inferiores à soma das outras três. É que ainda falta espaço para atender às áreas de preservação permanente da Amazônia e do Pantanal. A coisa pode piorar…

Sabem o que isso significa? Que restaram para as cidades, para as obras de infra-estrutura e, pasmem!, para a agricultura e a pecuária  apenas 2.455.350 km² - ou seja, 29% do território nacional. É isso mesmo: menos de 30% para todo o resto. Não saí somando área por área. O levantamento é do professor Evaristo Miranda, que não é da Faculdade do Desmatamento de Xiririca da Serra. Ele pertence à respeitadíssima Embrapa.

Finalmente
Eu nunca caí na cascata, claro, de que Bush invadiu o Iraque só para pegar o petróleo. “Eles” é que diziam e dizem isso para evidenciar o quanto ele era mau. Mas convenham: se é justificável que “potências estrangeiras” venham tomar a Amazônia porque não sabemos o que fazer com ela, o ex-presidente dos EUA teria feito muito bem em tomar os poços de Saddam, não é mesmo?

O discurso ecológico, como se vê, entrou na fase do surto. Minc é contagioso.

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Por Reinaldo Azevedo